Superdotação motora: um processo de inclusão necessário
A
superdotação é um fenômeno que desperta bastante interesse por parte de
pesquisadores e por mais que possa ser polêmico destacar tal condição nas
escolas, esta condição sem dúvida encanta a qualquer professor.
Segundo
Alencar (2001), na atualidade tem ocorrido um interesse crescente pelo
superdotado ou talento, termo que em vários estudos é utilizado como sinônimo.
Pode ser denominado talento aquele que se destaca por uma habilidade superior ou
inusitada para uma pessoa de sua idade, ou por um desempenho excepcional,
reflexo de suas habilidades e aptidões.
Segundo
as Leis de Diretrizes e Bases do Conselho Nacional de Educação Especial, são
consideradas crianças superdotadas e talentosas as que apresentam notável
desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos aspectos, isolados ou
combinados: capacidade intelectual superior; aptidão acadêmica específica;
pensamento criador ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para
artes visuais, artes dramáticas e música e capacidade psicomotora. Renzulli
(1986) propõe uma definição de superdotação é baseada na concepção dos
três-anéis, que sugere o entrelaçamento de três fatores: habilidade acima da
média, envolvimento com a tarefa e criatividade. Cada um desses fatores exerce
um papel importante na identificação de comportamentos superdotados.
Para
se explicar o desenvolvimento humano, pode-se recorrer a três hipóteses ( La
Taille,1984) a primeira delas afirma que as características comuns dos
individuos estão pré-programadas, dependendo quase exclusivamente do processo de
maturaçao. Na segunda hipótese elas são consequência do processo de
aprendizagem, fruto do meio social em que se vive. A terceira baseia-se na
construção realizada pelo ser humano a partir de suas experiências sofrendo
influencia da herança hereditária e do seu ambiente.
Tais
condições motoras e psíquicas atreladas ao comportamento motor presentes no
talento podem estar presentes em algumas pessoas, em determinados momentos e sob
determinadas circunstâncias, portanto o processo de socializaçao sob o qual a
mesma é submetida pode ser de fundamental importancia para o despertar dessas
potencialidades. A confirmação de suas reais potencialidades, a confirmação do
talento, ocorrerão na medida em que suas
relações sociais se tornem mais amplas, seja por meio de mudança de meio ou
atraves de maiores exigências por competitividade. Para que um talento esportivo
escolar se confirme como talento no meio
municipal, estadual, nacional e internacional se faz necessária uma grande
mobilização de todos os envolvidos no processo, a começar pela escola, passando
pela família e demais autoridades envolvidas com o desporto escolar.
A
participaçao de uma criança em competições esportivas depende exclusivamente do
seu estado de prontidão sendo que este se encontra ligado a fatores como
períodos ótimos para aprendizagem, a capacidade de verificação e intervenção do
professor é fundamental para a detecção do momento
ideal.
É
o professor que, através do contato diário com o aluno, pode perceber sinais de
um potencial superior e, assim, fazer uma primeira identificação desse
indivíduo. Daí para frente, as relações estabelecidas com esse aluno serão de
fundamental importância para o seu desenvolvimento. Nesse momento, a política de
atendimento adotada pela escola poderá incentivar ou podar esse desenvolvimento.
Programas de enriquecimento, estratégias de ensino e clima de sala de aula serão
marcos na educação do aluno superdotado. Independentemente de seu potencial,
todos os
indivíduos presentes nas
escolas e demais centros de formaçao esportiva
devem percorrer determinadas fases no processo de formação esportiva. Segundo a
literatura (BOMPA, 2001; GRECO, 2000; WEINECK, 1999)
o processo de formação esportiva deve se preocupar com uma iniciação básica
geral que procure desenvolver todas as capacidades e habilidades motoras
básicas, priorizando um trabalho multilateral e variado até aproximadamente
11/12 anos de idade (início da primeira fase puberal - pubescência). A fase
seguinte seria a especialização ou formação específica que consiste em
treinamento físico, técnico e tático específico para a modalidade escolhida, a
partir dos 13 anos de idade aproximadamente (segunda fase puberal). A fase de
alto rendimento seria a estabilização e aprimoramento dos aspectos desenvolvidos
na fase anterior com o objetivo de performance, recomendado para a fase final da
adolescência. De acordo com Greco (2000) a confirmaçao do
trabalho
ocorrerá na
fase de orientação que sob a base da iniciação básica geral, pode-se começar com
a orientação técnica de duas modalidades esportivas, de preferência
complementares. Na fase de direção as crianças e adolescentes que não têm
potencial para o esporte de alto rendimento devem ser orientadas para que o
utilizem como forma de lazer e saúde.
Postado por
nelson às
10:41
Dia 6 de abril
é o Dia Mundial da
Atividade Física. Nos dias atuais sabemos ser quase impossível
viver de forma sedentária em razão dos números apresentados, dos meios de
comunicação, no entanto o sedentarismo ainda assola grande parte da nossa
população. Hoje quero pensar nas crianças por acreditar que a base da atividade
física consciente deva ocorrer na infância, não somente pelos estímulos dos pais
nas escolinhas desportivas e clubes, mas, sobretudo pela (in)formação que deve
partir por parte dos profissionais embutidos nos centros de educação sejam
formais ou informais. Que nesse dia ao
contrario de ações que sirva para os profissionais de Educação Física refletirem
suas práticas, e analisarem o que tem feito para a verdadeira mudança do cenário
atual dos quadros de saúde das nossas crianças e jovens amantes ou não da
atividade física. Agregar cada dia mais nossos alunos a programas regulares de
atividade física é fundamental, pois, estar ativo fisicamente é um elemento
chave para a longevidade. A atividade
física regular pode ajudar também no alcance e manutenção de um peso saudável e
diminuir o risco de doenças crônicas e cardíacas, além de melhorar o humor e
auto estima.
email : nelson_enfermagem@hotmail.com
O
elemento central no processo de aprendizagem escolar é a transmissão do conteúdo
a ser ensinado, no caso da Educação Física, muito se discute a cerca dos
métodos, entretanto merece a mesma atenção o momento ideal para a sistematização
do aprendizado. As atividades físicas nas escolas desenvolvem a agilidade,
coordenação, flexibilidade, potência muscular e resistência cardiorrespiratória,
sociabiliza e melhora o rendimento escolar, no entanto a grande dúvida que surge
é como direcionar os corretos estímulos as determinadas fases de desenvolvimento
da criança e do adolescente. É preciso prestar atenção em alguns
aspectos.
A partir da
teoria de estágios GALLAHUE fica claro que o desenvolvimento é caracterizado por
alguns princípios: o da universidade, onde, todos os indivíduos passam pelos
mesmos estágios, sendo comuns a toda espécie humana; o da intransitividade em
que os estágios são sequenciais e que o desenvolvimento tem uma ordem que não
pode ser alterada, podendo o tempo de permanência em cada estágio variar de
indivíduo para indivíduo e de cultura para cultura; e por fim, o princípio de
hierarquia, em que o estágio subseqüente incorpora o anterior.
A fase
pré-escolar deve favorecer ao aluno uma ampla bagagem de movimentos, sem que
haja exigência de um padrão ideal, caracterizando assim um sistema totalmente
aberto, isto é: neste momento não existe a execução errada. Nesta fase,
denominada de estimulação motora, o padrão de movimento deve ser tomado apenas
como estímulo para que a criança construa seu próprio plano motor. Atividades
básicas de deslocamento, equilíbrio, esquema corporal, relação espaço-temporal,
entre outras são próprias e devem, preferencialmente, ser apresentado em formas
jogadas, tipo de jogos de imitação e perseguição.
Fase universal
abrange dos 6 aos 12 anos, a freqüência das atividades não deve ultrapassar três
vezes na semana, para não interferir em outro interesse e necessidade que a
criança possa manifestar. Conforme Greco & Benda (1998) nesta fase a criança
encontra com as habilidades básicas de locomoção, manipulação e estabilização em
refinamento progressivo, podendo assim, participar de um numero maior e mais
complexo de atividades motoras. Colocam que as crianças de 6-8 anos devem
trabalhar com jogos de perseguição, estafetas, dentre outros. Já com crianças de
8-10 anos, pode-se começar a desenvolver jogos coletivos, através de pequenos
jogos (reduzidos), jogos de iniciação, grandes jogos e em alguns casos, jogos
pré-desportivos. É importante ressaltar que o processo de
ensino-aprendizagem-treinamento das capacidades físicas nesta fase, deve,
impreterivelmente, estar adequado ao nível de desenvolvimento e de experiência
da criança que MARTIN
(1991) denomina
de “fases sensíveis”.
A fase de
orientação que se inicia por volta dos 11-12 anos e abrange até os 13-14 anos. A
freqüência recomendada é de 3 encontros semanais. Segundo Greco & Benda
(1998), é neste momento que inicia a automatização de grande parte dos
movimentos, liberando a atenção do praticante para a percepção de outros
estímulos que ocorrem, simultaneamente, à ação que está sendo realizada.
Partindo do nível de rendimento alcançado na fase anterior, deve-se procurar o
desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades físicas e técnicas observando
quais são as exigências que se apresentam em cada um nessa fase. Aqui o jogo em
qualquer forma de organização (jogos de iniciação, pré-desportivos, grandes
jogos, jogo recreativo, entre outros), tem um sentido recreativo, porém possui
um alto valor educativo, pois serão estabelecidas as bases para uma “ação
inteligente”.
Fase de direção
por volta dos 13-14 anos e abrange os 15-16 anos. Pode-se começar com o
aperfeiçoamento e a especialização técnica em uma modalidade desportiva. É
importante destacar a necessidade de que o jovem realize e participe de duas ou
três modalidades esportivas, preferentemente complementares, ou seja, daquelas
nas quais não existam fatores que possam interferir no processo de transferência
de técnica. Destaca-se a importância do processo de
ensino-aprendizagem-treinamento, onde varias modalidades esportivas sejam
oferecidas à criança, e não a “escolinha” de um único esporte ou atividade
repetitiva nas “temporadas” ou na aula de educação física formal que levam à
especialização precoce e não permitem concretizar o princípio da “variabilidade
da prática”, conceito que é de fundamental importância para o desenvolvimento de
habilidades motoras e do treinamento técnico-tático. Dentro das atividades
educacionais ma escola, o esporte deve ser orientado para a participação, a
integração e a sociabilização.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
A educação
física na escola se caracteriza por buscar o desenvolvimento e o aprimoramento
de habilidades motoras, tendo como referência de partida para esse estudo o
capítulo 5 da obra organizada por Böhme (2011) em que Ré & Bojikian,
contribuem em dizer que o pleno desenvolvimento das habilidades motoras está
veiculado a necessária aquisição das capacidades motoras. Tal necessidade de
requisição depende de 3 fatores: características do executante, características
do contexto e as características da tarefa a ser executada. Segundo os autores a
execução das habilidades motoras depende das capacidades motoras condicionais
(metabolismo energético), das capacidades motoras coordenativas (organização e
controle de movimento) e do conhecimento cognitivo (tomada de decisão). Para
Barbanti (1996), aquelas essenciais na eficiência do metabolismo energético são
as capacidades condicionais de resistência, resistência-força, velocidade e
flexibilidade; e as capacidades coordenativas que dependem de conduções nervosas
e da condição em organizar e regulares o movimento, como a diferenciação
sensorial, a observação, a representação, a antecipação, o ritmo, a coordenação
motora, o controle motor, a reação motora e a expressão motora. A ação motora
enquanto solução de um problema motor pode ser determinante para o sucesso a ser
alcançado em um esporte, ou seja, a execução correta do fundamento esportivo
dentro de certos padrões predeterminados. O ensino do esporte assim como demais
gestos motores envolvidos no contexto escolar passam por essa problemática. As
capacidades coordenativas se exploradas e trabalhadas convenientemente permitem
processar informação de forma mais complexa e especializada melhorando o
repertório motor, permitindo uma resposta mais rápida e com um menor dispêndio
energético. Neste contexto surge na Escola através da Educação Física como
espaço privilegiado, para um trabalho variado de experiências motoras que
permitam uma melhoria da coordenação motora e consequentemente do
desenvolvimento global. Esses programas de iniciação esportiva não podem
limitar-se apenas a formar atletas, mas sim auxiliar a criança na sua formação
global, como, por exemplo, nos aspectos: social, moral, cognitivo, cultural,
além de outros. A correta aquisição das capacidades condicionais depende
fundamentalmente do processo de maturação biológica, o que vem a confirmar a
importância da variada e intensa aplicação de estímulos coordenativos que serão
fundamentais na futura aquisição de tais elementos. Apoiado em Meinel e Schnabel
(1984), Weineck (1999) o estímulo dos diferentes analisadores dos estímulos
embora sejam utilizados nas escolas muitas vezes de forma totalmente
"imperceptível e intencional" deveriam ser mais bem explorados. Os cinestésicos - existentes nos músculos,
tendões, ligamentos e articulações;
táteis - através de receptores existentes na pele; vestibulares - ouvido
interno que informam sobre as mudanças na direção, aceleração e velocidade; visuais - informam sobre a percepção da
distância, dos movimentos próprios e de outras pessoas; e dos acústicos -
relacionados com os estímulos através dos sons. Segue abaixo a dica de vídeos
que podem em muito contribuir com esse trabalho, e a indicação bibliográfica
para ampliação de estudos.
Bohme M.T.S. ( Org.) Esporte infantojuvenil: treinamento a
longo prazo e talento esportivo.
treinadores de Basquetebol – Prof.nelson
No meio
esportivo, a identificação do talento é baseada na maioria das vezes por
aspectos de natureza subjetiva dos técnicos e professores envolvidos no processo
de seleção. Os critérios estabelecidos e utilizados, assim como a sua eficácia,
nem sempre são devidamente conhecidos. Ainda que a predição do desempenho seja
atraente, existem poucas evidências de qualquer critério científico que sirva de
base para predizer o futuro no que se refere ao desempenho esportivo. Em
contraposição, a capacidade de “enxergar” o talento esportivo desde idades
iniciais, por parte dos profissionais envolvidos neste processo, não pode ser
subestimada. Bohme cita em seus estudos sobre o processo de confirmação do
talento, e que segundo ela essa etapa deve ocorrer a nível local (meio ambiente
do próprio individuo) e assim expandir para as demais esferas sociais,
municipais, estaduais, nacionais e internacionais. De
acordo com Prudêncio (2006), a
descrição da detecção de talentos desportivos faz parte de um conjunto de
circunstâncias que devem ser analisadas levando-se em consideração as
complexidades inerentes ao fenômeno biológico de um ser humano. Questões ligadas
a sua individualidade biológica, podem agir de forma positiva podendo
apresentar-se de maneira determinante ou não, quando exposto a condições de
treino facilitando os mecanismos de adaptação ou momentos competitivos onde sua
atuação poderá ou permitirá que o resultado desportivo seja modificado. Para
Noce (2006) os traços psicológicos também definidos geneticamente na pessoa
denominada talentosa devem fazer parte da análise, assim como o aspecto da
liderança conferindo-lhes a estabilidade requerida para a prática do desporto
competitivo. Família, ambiente social seriam alguns desses fatores que atuam de
maneira positiva para a formação e da personalidade, que futuramente irão
contribuir para obtenção de altos rendimentos desportivos; incluindo-se entre
esses traços: aquisição de valores, encorajamento, combatividade, controle
emocional, alta concentração e capacidade para mantê-la por período prolongado,
assim como determinação para superação de limites (Vilani, Samulski, 2002),
porém os mesmos autores atentam para o fato de que a família pode afetar de
forma negativa gerando alta exigência,regras rígidas e expectativas
irreais.
Em
esportes como a ginástica artística, cujos gestos dependem de técnicas que, em
função de padrões normativos elevados, exigem características físicas
particulares se faz necessário direcionar o trabalho de forma diferenciada para
as crianças que pretendam ou que possuam condições de atingir o alto rendimento
não sejam superestimadas e nem mesmo ignorar as que irão praticá-la como forma
de lazer. Este poderia ser apontado como um dos aspectos freqüentemente
negligenciado quando se fala em seleção de talentos – na verdade, esse processo
não ajuda apenas a identificar o potencial atlético de futuros atletas, mas
também a adequar o trabalho àqueles que não o possuem, evitando sobrecargas
demasiadas em crianças que poderiam estar praticando o esporte sem fins
competitivos. Em outras palavras, a seleção de talentos torna mais fácil
realizar o trabalho correto com a pessoa certa. (Albuquerque e Farinatti
2007).
A
forma como será conduzido este processo poderá definir a presença ou não deste
nas demais etapas do processo de formação que poderão conduzi-lo as categorias
superiores, meta da maioria das crianças e adolescentes que se inserem em tais
programas.
Massa
et al (1999) atenta para o fato que informações
importantes sobre o comportamento e evolução das variáveis
antropométricas, metabólicas, neuromotoras e psicossociais interferentes e relacionadas ao esporte durante os
processos de crescimento e desenvolvimento são escassas assim como a influência do treinamento nos
atletas desde as categorias de base até a principal dificultando
assim elaboração de métodos mais
sistemáticos e objetivos no processo de treinamento a longo prazo.
No
Brasil o empirismo que cerca a seleção de talentos no esporte, principalmente no
futebol, usa-se muito mais ou apenas a experiência dos seus observadores,
caça-talentos, olheiros, treinadores na sua maioria ex-atletas sem qualquer
formação científica. Neste caso a identificação dos talentos ocorre de forma
desconhecida da comunidade científica, podendo ocorrer de maneira totalmente
aleatória (sorte ou indicação), porém esta deveria e/ou poderia ser pautada de
certos índices, marcas, caracteres.
Böhme
(1994) denomina “talento” a pessoa que possui uma aptidão específica por meio de
condições herdadas ou adquiridas, apresentando-se acima da média em determinado
campo de ação ou aspecto considerado, a qual é possível ser treinada e
desenvolvida. Para Weineck (1991) “talento é uma vocação marcada em uma direção,
que ultrapassa a média, que ainda não está completamente desenvolvida”.
KISS
et. al (2004) definem “Talento como o resultado individual de um processo
dependente das relações temporais existentes entre as disposições genéticas, a
idade relacionada com a fase do seu
desenvolvimento, as exigências de desempenho esportivo no treinamento, assim
como de qualidades psicológicas”.
Vieira
e Vieira (2001) afirmam que, a confirmação do talento necessita de um forte
empenho na preparação esportiva e esta não se realiza sem um conjunto de
condições sociais que suportam o envolvimento das crianças e jovens no esporte e
na preparação esportiva visando o alto rendimento. O ambiente familiar e o
empenho dos pais para a experiência desportiva dos filhos parece ser, entre
essas condições sociais, uma das principais. O
processo de detecção e seleção de talentos deveria ser mais cuidadoso com
relação a esses aspectos. O indivíduo que passa pelo mesmo pode apresentar
desempenho inferior ao normal devido a situações de estresse decorrente da
pressão de um processo de seleção. De acordo com Lanaro Filho e Böhme (2001)
para ser um talento, não são importantes somente as características físicas
individuais do atleta, mas também o contexto geral que esse atleta será
trabalhado, desde o grupo em que ele será inserido até a forma que ele será
tratado e treinado. Aspectos psicológicos como estresse, motivação, procura e
gosto pela modalidade, não são levadas em consideração como
deveriam.
Segundo
Weineck (2000), a performance do jogador de futebol é determinada por várias
habilidades, capacidades e qualidades que se completam de modo interdependente.
As qualidades físicas representam um pré-requisito para a performance técnica,
tática e psicológica.
O
processo de universalização do desporto proporcionou um grande desafio a todos
os educadores, pais, pessoas ligadas de uma forma ou de outra ao esporte. A
criança e a necessidade de rendimento com a possibilidade de profissionalização
cada vez mais precoce. É inegável a contribuição do desporto para a formação da
criança e do adolescente em diferentes aspectos tais como: cognitivo, motor,
psíquico, social, afetivo. Relação prática esportiva, particularidades inerentes
a cada desporto, rendimento possível e possibilidades e estágios de
desenvolvimento e maturação biológica da criança e dos jovens. Para
ROWLAND (2003) apud Bergamo (2003), existem várias dificuldades para uma melhor
compreensão das respostas fisiológicas ao exercício, no caso de crianças e
jovens além da necessidade em estabelecer-se uma relação entre as variáveis
durante o processo de crescimento. A indução a possíveis erros na formação do
futuro atleta surgem na medida em que a grande maioria de professores e técnicos
não são capazes ou não se preocupam em respeitar as individualidades biológicas,
nem dar o devido tempo de preparação para o desenvolvimento técnico, já que as
competições para essas categorias são organizadas segundo a idade cronológica.
Csikszentmihalyi,
Rathunde e Whalen (1997) apud Vieira (2001) apontam três elementos fundamentais
que devem caracterizar um talento: a) traços individuais: em parte inerentes e
em parte desenvolvidos com o crescimento da pessoa; b) domínios culturais:
referem-se aos sistemas das regras que definem a frequência de performance como
significante e valorosa; c) campo social: pessoas e instituições cuja tarefa é
decidir quando uma certa performance é considerada de valor ou não.
Sendo
assim, sugere-se que outros estudos sejam realizados com o intuito de conciliar
o processo de detecção e seleção de talentos proposto pelos teóricos com os
aplicados na prática. Não se pretende com este trabalho prever futuros campeões,
mas aumentar o leque de oportunidades para aqueles que realmente reúnem as
condições essenciais para tais modalidades.
Analisando
o esporte e sua relação com o ambiente escolar, nos deparamos com uma situação
polêmica que gera um desconforto entre muitos teóricos da Educação Física.
Enquanto disciplina escolar presente na formação básica, essa disciplina carrega
consigo uma grande responsabilidade sobre valores, objetivos, conflito este que
se origina na sua entrada no ambiente escolar. Entre os postulados que regem o
esporte, considero o fair play que se encontra vinculado ao aspecto da
ética, talvez seja o que melhor traduz que: perder é possível, desistir
não. Quando damos o melhor e perdemos ficamos satisfeitos, penso que seja a base
da formação e a justificativa da presença do esporte na escola.
A
educação pela reciprocidade faz com que a formação individual ocorra sempre em
função do grupo e do adversário, a prática esportiva escolar se confirma somente
com a presença deste conflito e do respeito entre as partes. No papel do
oponente, o respeito aflora e surge o entendimento de que o vitorioso e o
derrotado são condições instantâneas inseridas no cenário esportivo, e que podem
mudar de posição em pouco tempo, sem o adversário, a prática do esporte torna-se
impossível.
Embora
as palavras treinar, competir, vencer, estejam sempre presentes no cotidiano
daqueles que praticam esporte ou que o vislumbram como grande possibilidade de
sucesso, a educação não pode ser orientada pelo paradigma que simplesmente dá
ênfase apenas a eficiência (Gadotti,1997). Ele diz que a educação é muito mais
do que a instrução, no entanto, não podemos abrir mão da mesma e cairmos em uma
condição do famoso “rola-bola”.
Com
Freire
(1992), encerro essa análise quando este se refere a competição entre crianças
defendendo que os professores realmente preocupados com o desenvolvimento das
características humanas ao invés de
tentar eliminar o caráter competitivo das competições deveriam buscar
compreende-lo e utilizá-lo para refletir as relações. Partindo de suas idéias
parece ser mais educativo reconhecer a importância do vencido e do vencedor do
que nunca ter competido.
O
homem não é nada além daquilo que a educação faz dele. Immanuel
Kant
Para
ler mais sobre o assunto recomendo:
FREIRE
J.B. Educação de corpo inteiro: teoria e
pratica da educação física. 3º edição São Paulo: Scipione,
1992.
DE ROSE JR, Dante. A
criança, o jovem e a competição esportiva: considerações gerais. In:
DE ROSE JR, Dante (organizador). Esporte
e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem
multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2002.
Postado por
nelson às
05:00 Um
comentário:
A FORMAÇÃO DEBVALORES DO FUTURO DESPORTISTA , QUAL O VERDADEIRO PAPEL DA ESCOLA ?
domingo, 23 de outubro de 2011
Esporte deveria ser atalho para a saúde
Continuamos a nos
comover com as mortes de jovens aparentemente saudáveis durante atividades
esportivas que são um triste paradoxo. Apesar de ser rara, a morte súbita em
atletas causa um grande impacto emocional em toda a sociedade, principalmente
quando a vítima é um atleta jovem, as repercussões sociais são imediatas na
maioria das vezes, é preciso cuidar para que outros jovens atletas e suas
famílias não se afastem do esporte, pois esta não seria a melhor
opção.
Essa semana todos os amantes do esporte
da cidade de João Monlevade se questionam sobre o que teria acontecido com o
nosso jovem atleta Diego, garoto amante inquestionável do esporte, com bola
sempre foi sua paixão e mais recentemente o atletismo. Tive a oportunidade de
conviver alguns anos com essa figura amável, um garoto sensacional, simples e
grandioso pela sua dedicação com a mesma humildade independente do resultado.
Desportistas como Diego sempre vão deixar saudades, como diziam as crianças da
escola “aquele grandão faz gol demais” rsrsrs... Sua eterna contagem de medalhas
também vai fazer falta, jamais me deixava passar por ele na rua sem me
cumprimentar e me dizer como estavam as conquistas de suas medalhas. Como me
emociono ao pensar nesses momentos e me questiono sobre como situações como esta
poderiam ser evitadas? Melhor estrutura nas organizações de eventos? Maior e
melhor acompanhamento dos serviços de saúde, talvez um acompanhamento
diferenciado a esses que se dedicam gratuitamente a elevar o nome da nossa
cidade.
É preciso rever algumas questões!
Sei claramente independente de Prefeito,
de partido, da dedicação inquestionável do Prof. Wagner Moreira (coordenador da
secretaria de esportes) na verdade ele deveria ser o secretário, se não fossem
as questões do partido, deveria ganhar muito mais do que ganha por tamanha
dedicação, mas isso é outra discussão, para outros amigos blogueiros.
A dedicação dos técnicos, das equipes de
apoio, é outro ponto que não pode ser questionado, mas é preciso pensar em
ampliar o leque de ofertas a esses “meninos”, as estruturas dos espaços para
treinamento, capacitações aos técnicos e atletas, mas um melhor controle da
saúde deles é algo que me incomoda há anos. Seguramente, somente a avaliação
médica competente de pré-participação pode detectar os possíveis problemas
cardiovasculares de risco para morte súbita na prática físico/esportiva. Difícil
pensar nisso em um país como o nosso? Impossível pensar nisso em uma cidade que
passa por tantas dificuldades na administração dos recursos públicos, por
incontáveis e injustificáveis motivos; crise, inexperiência, falta de recursos?
Saúde pública em nosso país é um problema eterno, mas os nossos desportistas
precisam melhor amparo antes que outros jovens se afastem ou estejam submetidos
a situações de risco na sua prática inocente.
As principais causas apontadas pela
literatura especializada são as cardiovasculares e as traumáticas. A avaliação
clínica especializada de um atleta antes da participação esportiva pode
contribuir para detectar alguns fatores de risco e, nestes casos, uma avaliação
cardiológica mais completa se faz necessária. A prevenção da morte súbita em
atletas jovens pode ser possível com uma adequada abordagem médica profissional
nestes indivíduos. Segundo Baptista et al. (2008) faz-se necessário um maior
envolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de
Medicina do Esporte, Sociedade Brasileira de Cardiologia e outras sociedades
interessadas na elaboração de um protocolo, a nível nacional e compromissado com
a nossa realidade, voltado à população de crianças e adolescentes para uma
prática esportiva segura e tão necessária, servindo como base e anteparo de
orientação ao profissional envolvido. Sabe-se que, a longo prazo, o sedentarismo
mata mais do que a prática esportiva, portanto, é necessário incentivá-la já na
infância e de forma saudável e segura, para que aqueles nesta população, com
aptidão esportiva definida para determinada modalidade ou esporte competitivo,
sejam encaminhados a profissionais devidamente capacitados. Vale sempre
ressaltar que a prática de esporte deve ser o caminho para uma vida melhor, e
não um atalho para a morte.
ESPORTE DEVERIA SER ATALHO PARA A SAÚDE
Continuamos a nos
comover com as mortes de jovens aparentemente saudáveis durante atividades
esportivas que são um triste paradoxo. Apesar de ser rara, a morte súbita em
atletas causa um grande impacto emocional em toda a sociedade, principalmente
quando a vítima é um atleta jovem, as repercussões sociais são imediatas na
maioria das vezes, é preciso cuidar para que outros jovens atletas e suas
famílias não se afastem do esporte, pois esta não seria a melhor
opção.
Essa semana todos os amantes do esporte
da cidade de João Monlevade se questionam sobre o que teria acontecido com o
nosso jovem atleta Diego, garoto amante inquestionável do esporte, com bola
sempre foi sua paixão e mais recentemente o atletismo. Tive a oportunidade de
conviver alguns anos com essa figura amável, um garoto sensacional, simples e
grandioso pela sua dedicação com a mesma humildade independente do resultado.
Desportistas como Diego sempre vão deixar saudades, como diziam as crianças da
escola “aquele grandão faz gol demais” rsrsrs... Sua eterna contagem de medalhas
também vai fazer falta, jamais me deixava passar por ele na rua sem me
cumprimentar e me dizer como estavam as conquistas de suas medalhas. Como me
emociono ao pensar nesses momentos e me questiono sobre como situações como esta
poderiam ser evitadas? Melhor estrutura nas organizações de eventos? Maior e
melhor acompanhamento dos serviços de saúde, talvez um acompanhamento
diferenciado a esses que se dedicam gratuitamente a elevar o nome da nossa
cidade.
É preciso rever algumas questões!
Sei claramente independente de Prefeito,
de partido, da dedicação inquestionável do Prof. Wagner Moreira (coordenador da
secretaria de esportes) na verdade ele deveria ser o secretário, se não fossem
as questões do partido, deveria ganhar muito mais do que ganha por tamanha
dedicação, mas isso é outra discussão, para outros amigos blogueiros.
A dedicação dos técnicos, das equipes de
apoio, é outro ponto que não pode ser questionado, mas é preciso pensar em
ampliar o leque de ofertas a esses “meninos”, as estruturas dos espaços para
treinamento, capacitações aos técnicos e atletas, mas um melhor controle da
saúde deles é algo que me incomoda há anos. Seguramente, somente a avaliação
médica competente de pré-participação pode detectar os possíveis problemas
cardiovasculares de risco para morte súbita na prática físico/esportiva. Difícil
pensar nisso em um país como o nosso? Impossível pensar nisso em uma cidade que
passa por tantas dificuldades na administração dos recursos públicos, por
incontáveis e injustificáveis motivos; crise, inexperiência, falta de recursos?
Saúde pública em nosso país é um problema eterno, mas os nossos desportistas
precisam melhor amparo antes que outros jovens se afastem ou estejam submetidos
a situações de risco na sua prática inocente.
As principais causas apontadas pela
literatura especializada são as cardiovasculares e as traumáticas. A avaliação
clínica especializada de um atleta antes da participação esportiva pode
contribuir para detectar alguns fatores de risco e, nestes casos, uma avaliação
cardiológica mais completa se faz necessária. A prevenção da morte súbita em
atletas jovens pode ser possível com uma adequada abordagem médica profissional
nestes indivíduos. Segundo Baptista et al. (2008) faz-se necessário um maior
envolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de
Medicina do Esporte, Sociedade Brasileira de Cardiologia e outras sociedades
interessadas na elaboração de um protocolo, a nível nacional e compromissado com
a nossa realidade, voltado à população de crianças e adolescentes para uma
prática esportiva segura e tão necessária, servindo como base e anteparo de
orientação ao profissional envolvido. Sabe-se que, a longo prazo, o sedentarismo
mata mais do que a prática esportiva, portanto, é necessário incentivá-la já na
infância e de forma saudável e segura, para que aqueles nesta população, com
aptidão esportiva definida para determinada modalidade ou esporte competitivo,
sejam encaminhados a profissionais devidamente capacitados. Vale sempre
ressaltar que a prática de esporte deve ser o caminho para uma vida melhor, e
não um atalho para a morte.
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