TUDO SOBRE TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE
FACEBOOK ( NELSON SANTOS SANTOS
DSM - Manual Estatístico Diagnóstico
de Transtornos Mentais
Déficit de Atenção/Hiperatividade, Transt. (TDAH)
DÉFICIT DE ATENÇÃO e
HIPERATIVIDADE - DSM.IV
Características Diagnósticas
A característica essencial do Transtorno de
Déficit de Atenção/Hiperatividade é um padrão persistente de desatenção e/ou
hiperatividade, mais freqüente e severo do que aquele tipicamente observado em
indivíduos em nível equivalente de desenvolvimento (Critério A). Alguns sintomas
hiperativo-impulsivos que causam prejuízo devem ter estado presentes antes dos 7
anos, mas muitos indivíduos são diagnosticados depois, após a presença dos
sintomas por alguns anos (Critério B).
Algum prejuízo devido aos sintomas deve estar presente em pelo menos dois
contextos (por ex., em casa e na escola ou trabalho) (Critério C). Deve haver
claras evidências de interferência no funcionamento social, acadêmico ou
ocupacional apropriado em termos evolutivos (Critério D). A perturbação não
ocorre exclusivamente durante o curso de um Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico e não é melhor
explicada por um outro transtorno mental (por ex., Transtorno do Humor,
Transtorno de Ansiedade, Transtorno Dissociativo ou Transtorno da Personalidade)
(Critério E).
A desatenção pode manifestar-se em situações escolares, profissionais ou
sociais. Os indivíduos com este transtorno podem não prestar muita atenção a
detalhes ou podem cometer erros por falta de cuidados nos trabalhos escolares ou
outras tarefas (Critério A1a). O trabalho freqüentemente é confuso e realizado
sem meticulosidade nem consideração adequada. Os indivíduos com freqüência têm
dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas e consideram
difícil persistir em tarefas até seu término (Critério A1b). Eles freqüentemente
dão a impressão de estarem com a mente em outro local, ou de não escutarem o que
recém foi dito (Critério A1c).
Pode haver freqüentes mudanças de uma tarefa inacabada para outra. Os
indivíduos diagnosticados com este transtorno podem iniciar uma tarefa, passar
para outra, depois voltar a atenção para outra coisa antes de completarem
qualquer uma de suas incumbências. Eles freqüentemente não atendem a
solicitações ou instruções e não conseguem completar o trabalho escolar, tarefas
domésticas ou outros deveres (Critério A1d). O fracasso para completar tarefas
deve ser considerado, ao fazer o diagnóstico, apenas se ele for devido à
desatenção, ao invés de outras possíveis razões (por ex., um fracasso para
compreender instruções).
Esses indivíduos com freqüência têm dificuldade para organizar tarefas e
atividades (Critério A1e). As tarefas que exigem um esforço mental constante são
vivenciadas como desagradáveis e acentuadamente aversivas. Por conseguinte,
esses indivíduos em geral evitam ou têm forte antipatia por atividades que
exigem dedicação ou esforço mental prolongados ou que exigem organização ou
concentração (por ex., trabalhos escolares ou burocráticos) (Critério A1f). Esta
evitação deve ocorrer por dificuldades da pessoa com a atenção, e não devido a
uma atitude oposicional primária, embora uma oposição secundária possa também
ocorrer.
Os hábitos de trabalho freqüentemente são desorganizados e os materiais
necessários para a realização da tarefa com freqüência são espalhados, perdidos
ou manuseados com descuido e danificados (Critério A1g). Os indivíduos com este
transtorno são facilmente distraídos por estímulos irrelevantes e habitualmente
interrompem tarefas em andamento para dar atenção a ruídos ou eventos triviais
que em geral são facilmente ignorados por outros (por ex., a buzina de um
automóvel, uma conversa ao fundo) (Critério A1h). Eles freqüentemente se
esquecem de coisas nas atividades diárias (por ex., faltar a compromissos
marcados, esquecer de levar o lanche para o trabalho ou a escola) (Critério
A1i).
Nas situações sociais, a desatenção pode manifestar-se por freqüentes
mudanças de assunto, falta de atenção ao que os outros dizem, distração durante
as conversas e falta de atenção a detalhes ou regras em jogos ou atividades.
A hiperatividade pode manifestar-se por inquietação ou remexer-se na cadeira
(Critério A2a), por não permanecer sentado quando deveria (Critério A2b), por
correr ou subir excessivamente em coisas quando isto é inapropriado (Critério
A2c), por dificuldade em brincar ou ficar em silêncio em atividades de lazer
(Critério A2d), por freqüentemente parecer estar "a todo vapor" ou "cheio de
gás" (Critério A2e) ou por falar em excesso (Critério A2f). A hiperatividade
pode variar de acordo com a idade e nível de desenvolvimento do indivíduo,
devendo o diagnóstico ser feito com cautela em crianças pequenas. Os bebês e
pré-escolares com este transtorno diferem de crianças ativas, por estarem
constantemente irrequietos e envolvidos com tudo à sua volta; eles andam para lá
e para cá, movem-se "mais rápido que a sombra", sobem ou escalam móveis, correm
pela casa e têm dificuldades em participar de atividades sedentárias em grupo
durante a pré-escola (por ex., para escutar uma estória).
As crianças em idade escolar exibem comportamentos similares, mas em geral
com menor freqüência ou intensidade do que bebês e pré-escolares. Elas têm
dificuldade para permanecer sentadas, levantam-se com freqüência e se remexem ou
sentam-se na beira da cadeira, como que prontas para se levantarem. Elas
manuseiam objetos inquietamente, batem com as mãos e balançam pernas e braços
excessivamente. Com freqüência se levantam da mesa durante as refeições,
enquanto assistem televisão ou enquanto fazem os deveres de casa; falam em
excesso e podem fazer ruídos demasiados durante atividades tranqüilas.
Em adolescentes e adultos, os sintomas de hiperatividade assumem a forma de
sensações de inquietação e dificuldade para envolver-se em atividades tranqüilas
e sedentárias.
A impulsividade manifesta-se como impaciência, dificuldade
para protelar respostas, responder precipitadamente, antes de as perguntas terem
sido completadas (Critério A2g), dificuldade para aguardar sua vez (Critério
A2h) e interrupção freqüente ou intrusão nos assuntos de outros, ao ponto de
causar dificuldades em contextos sociais, escolares ou profissionais (Critério
A2i).
Outros podem queixar-se de dificuldade para se expressar adequadamente. Os
indivíduos com este transtorno tipicamente fazem comentários inoportunos,
interrompem demais os outros, metem-se em assuntos alheios, agarram objetos de
outros, pegam coisas que não deveriam tocar e fazem palhaçadas.
A impulsividade pode levar a acidentes (por ex., derrubar objetos, colidir
com pessoas, segurar inadvertidamente uma panela quente) e ao envolvimento em
atividades potencialmente perigosas, sem consideração quanto às possíveis
conseqüências (por ex., andar de skate em um terreno extremamente
irregular).
As manifestações comportamentais geralmente aparecem em múltiplos contextos,
incluindo a própria casa, a escola, o trabalho ou situações sociais. Para fazer
o diagnóstico, algum prejuízo deve estar presente em pelo menos dois contextos
(Critério C). É raro um indivíduo apresentar o mesmo nível de disfunção em todos
os contextos ou dentro do mesmo contexto em todos os momentos.
Os sintomas tipicamente pioram em situações que exigem atenção ou esforço
mental constante ou que não possuem um apelo ou novidade intrínsecos (por ex.,
escutar professores, realizar deveres escolares, escutar ou ler materiais
extensos ou trabalhar em tarefas monótonas e repetitivas). Os sinais do
transtorno podem ser mínimos ou estar ausentes quando o indivíduo se encontra
sob um controle rígido, está em um contexto novo, está envolvido em atividades
especialmente interessantes, em uma situação a dois (por ex., no consultório do
médico) ou enquanto recebe recompensas freqüentes por um [79]comportamento
apropriado.
Os sintomas são mais prováveis em situações de grupo (por ex., no pátio da
escola, sala de aula ou ambiente de trabalho). O clínico deve indagar, portanto,
acerca do comportamento do indivíduo em uma variedade de situações, dentro de
cada contexto.
Subtipos
Embora a maioria dos indivíduos apresente sintomas tanto de
desatenção quanto de hiperatividade-impulsividade, existem alguns indivíduos nos
quais há predominância de um ou outro padrão. O subtipo apropriado (para um
diagnóstico atual) deve ser indicado com base no padrão predominante de sintomas
nos últimos 6 meses.
F90.0 - 314.01 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo
Combinado.
Este subtipo deve ser usado se seis (ou mais) sintomas de
desatenção e seis (ou mais) sintomas de hiperatividade-impulsividade persistem
há pelo menos 6 meses. A maioria das crianças e adolescentes com o transtorno
tem o Tipo Combinado. Não se sabe se o mesmo vale para adultos com o
transtorno.
F98.8 - 314.00 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo
Predominantemente Desatento.
Este subtipo deve ser usado se seis (ou mais)
sintomas de desatenção (mas menos de seis sintomas de
hiperatividade-impulsividade) persistem há pelo menos 6 meses.
F90.0 - 314.01
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo Predominantemente
Hiperativo-Impulsivo.
Este subtipo deve ser usado se seis (ou mais) sintomas
de hiperatividade-impulsividade (mas menos de seis sintomas de desatenção)
persistem há pelo menos 6 meses. A desatenção pode, com freqüência, ser um
aspecto clínico significativo nesses casos.
Procedimentos de Registro
Os indivíduos que em um estágio anterior do
transtorno tinham o Tipo Predominantemente Desatento ou o Tipo Predominantemente
Hiperativo-Impulsivo podem vir a desenvolver o Tipo Combinado, e vice-versa. O
subtipo apropriado (para um diagnóstico atual) deve ser indicado com base no
padrão sintomático predominante nos últimos 6 meses.
Caso persistam sintomas clinicamente significativos mas os critérios não mais
sejam satisfeitos para qualquer dos subtipos, o diagnóstico apropriado é
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Em Remissão Parcial. Quando os
sintomas de um indivíduo não satisfazem, atualmente, todos os critérios para o
transtorno e não está claro se eles alguma vez foram satisfeitos, deve-se
diagnosticar Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade Sem Outra
Especificação.
Características e Transtornos Associados
Características descritivas e
transtornos mentais associados. As características associadas variam, dependendo
da idade e do estágio evolutivo e podem incluir baixa tolerância à frustração,
acessos de raiva, comportamento "mandão", teimosia, insistência excessiva e
freqüente para que suas solicitações sejam atendidas, instabilidade do humor,
desmoralização, disforia, rejeição por seus pares e baixa auto-estima.
As realizações acadêmicas em geral estão prejudicadas e insatisfatórias,
tipicamente ocasionando conflitos com a família e autoridades escolares. A
insuficiente dedicação às tarefas que exigem esforço constante freqüentemente é
interpretada pelos outros como sinal de preguiça, um fraco senso de
responsabilidade e comportamento de oposição.
Os relacionamentos familiares com freqüência se caracterizam por
ressentimento e hostilidade, especialmente porque a variabilidade no estado
sintomático do indivíduo muitas vezes leva os pais a crerem que todo o
comportamento perturbador é voluntário. Os indivíduos com Transtorno de Déficit
de Atenção / Hiperatividade podem atingir menor grau de escolarização e
realizações vocacionais mais fracas do que seus pares. O desenvolvimento
intelectual, avaliado por testes individuais de QI, parece ser um pouco inferior
em crianças com este transtorno. Em sua forma severa, o transtorno causa grandes
prejuízos, afetando o ajustamento social, familiar e escolar.
Uma parcela substancial das crianças encaminhadas a clínicas por Transtorno
de Déficit de Atenção/Hiperatividade também tem Transtorno Desafiador de
Oposição ou Transtorno da Conduta. É possível que haja uma prevalência superior
de Transtornos do Humor, Transtornos de Ansiedade, Transtornos da Aprendizagem e
Transtornos da Comunicação em crianças com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade.
O transtorno não é infreqüente entre indivíduos com Transtorno de Tourette;
quando os dois transtornos coexistem, o início do Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade freqüentemente precede o início do Transtorno de
Tourette. Pode existir uma história de abuso ou negligência à criança, múltiplas
colocações em lares adotivos, exposição a neurotoxinas (por ex., envenenamento
por chumbo), infecções (por ex., encefalite) exposição a drogas in útero, baixo
peso ao nascer e Retardo Mental.
Achados laboratoriais associados
Nenhum teste laboratorial foi
estabelecido como diagnóstico na avaliação clínica do Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade. Os testes que exigem processamento mental concentrado
são anormais em grupos de indivíduos com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade, em comparação com sujeitos-controle, mas ainda não está
inteiramente claro qual o déficit cognitivo fundamental responsável por
isto.
Achados ao exame físico e condições médicas gerais associadas.
Não
existem aspectos físicos específicos associados com o Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade, embora anomalias físicas menores (por ex.,
hipertelorismo, palato altamente arqueado, orelhas com baixa inserção) possam
ocorrer em uma proporção superior à da população em geral. Também pode haver uma
taxa superior de ferimentos físicos.
Características Específicas à Cultura, à Idade e ao Gênero
O Transtorno de
Déficit de Atenção/Hiperatividade ocorre em várias culturas, sendo que as
variações na prevalência relatada entre os países ocidentais provavelmente
decorrem mais de diferentes práticas diagnósticas do que de diferenças na
apresentação clínica.
É especialmente difícil estabelecer o diagnóstico em crianças com menos de 4
ou 5 anos, pelo fato de seu comportamento característico ser muito mais variável
do que o de crianças mais velhas e incluir, possivelmente, aspectos similares
aos sintomas do transtorno. Além disso, em geral é difícil observar sintomas de
desatenção em bebês e crianças pré-escolares, porque as crianças jovens
tipicamente sofrem poucas exigências de atenção prolongada. Entretanto, mesmo a
atenção de criança pequenas pode ser mantida em uma variedade de situações (por
ex., a criança típica de 2 ou 3 anos de idade em geral consegue ficar sentada
com um adulto, olhando livros de figuras).
Em comparação, crianças pequenas com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade movem-se excessivamente, sendo em geral difícil
contê-las. Indagar sobre uma ampla variedade de comportamentos em uma criança
pequena pode ser útil para assegurar-se da obtenção de um quadro clínico
completo. À medida que as crianças amadurecem, os sintomas geralmente se tornam
menos conspícuos. Ao final da infância e início da adolescência, os sinais de
excessiva atividade motora ampla (por ex., correr ou escalar excessivamente, não
conseguir permanecer sentado) passam a ser menos comuns, podendo os sintomas de
hiperatividade limitar-se à inquietação ou uma sensação íntima de agitação ou
nervosismo.
Em crianças em idade escolar, os sintomas de desatenção afetam o trabalho em
sala de aula e o desempenho acadêmico. Os sintomas de impulsividade também podem
levar ao rompimento de regras familiares, interpessoais e educacionais,
especialmente na adolescência. Na idade adulta, a inquietação pode ocasionar
dificuldades ao participar de atividades sedentárias e a evitação de passatempos
ou ocupações que oferecem limitadas oportunidades para movimentos espontâneos
(por ex., trabalhos burocráticos).
O transtorno é muito mais freqüente no sexo masculino, com as razões
masculino-feminino sendo de 4:1 a 9:1, dependendo do contexto (isto é, população
geral ou clínicas).
Prevalência
A prevalência do Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade é estimada em 3-5% entre as crianças em idade escolar.
Existem poucos dados sobre a prevalência na adolescência e idade adulta.
Curso
A maioria dos pais observa pela primeira vez o excesso de atividade
motora quando as crianças ainda estão engatinhando, freqüentemente coincidindo
com o desenvolvimento da locomoção independente. Entretanto, uma vez que muitos
bebês hiperativos não desenvolvem o Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade, deve-se ter cautela ao fazer este diagnóstico em uma
idade muito precoce. Geralmente, o transtorno é diagnosticado pela primeira vez
durante as primeiras séries, quando o ajustamento à escola está comprometido.
Na maioria dos casos observados nos contextos clínicos, o transtorno é
relativamente estável durante o início da adolescência. Na maioria dos
indivíduos, os sintomas atenuam-se durante o final da adolescência e idade
adulta, embora uma minoria dessas pessoas experiencie o quadro sintomático
completo de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade até os anos
intermediários da idade adulta. Outros adultos podem reter alguns dos sintomas,
aplicando-se nestes casos um diagnóstico de Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade, Em Remissão Parcial. Este diagnóstico aplica-se aos
indivíduos que não mais têm o transtorno com todos os seus aspectos
característicos, mas ainda retêm alguns sintomas que causam prejuízo
funcional.
Padrão Familial
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é
encontrado com maior freqüência nos parentes biológicos em primeiro grau de
crianças com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
Os estudos também sugerem que existe uma prevalência superior de Transtornos
do Humor e de Ansiedade, Transtornos da Aprendizagem, Transtornos Relacionados a
Substâncias e Transtorno da Personalidade Anti-Social nos membros das famílias
de indivíduos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
Diagnóstico Diferencial
Na infância, pode ser difícil distinguir entre os
sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e comportamentos
apropriados à idade em crianças ativas (por ex., correrias e barulho
excessivo).
Os sintomas de desatenção são mais comuns entre crianças com baixo QI
colocadas em contextos escolares em desacordo com sua capacidade intelectual.
Esses comportamentos devem ser diferenciados de sinais similares em crianças com
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
Em crianças com Retardo Mental, um diagnóstico adicional de Transtorno de
Déficit de Atenção/Hiperatividade deve ser feito apenas se os sintomas de
desatenção ou hiperatividade forem excessivos para a idade mental da criança. A
desatenção em sala de aula pode também ocorrer quando crianças com alta
inteligência são colocadas em ambientes escolares pouco estimuladores.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade também deve ser
diferenciado da dificuldade no comportamento dirigido a objetivos em crianças
oriundas de ambientes inadequados, desorganizados ou caóticos. Relatos de
múltiplos informantes (por ex., babás, avós ou pais de companheiros de
brincadeiras) são úteis para o oferecimento de uma confluência de observações
acerca da desatenção, hiperatividade e capacidade de auto-regulagem adequada ao
nível de desenvolvimento da criança em vários contextos.[82]
Indivíduos com comportamento opositivo podem resistir ao trabalho ou tarefas
escolares que exigem autodedicação, em razão da relutância em conformar-se às
exigências dos outros. Esses sintomas devem ser diferenciados da evitação de
tarefas escolares vista em indivíduos com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade.
Complicando o diagnóstico diferencial está o fato de que alguns indivíduos
com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade desenvolvem atitudes
oposicionais secundárias em relação a essas tarefas e desvalorizam sua
importância, freqüentemente como uma racionalização para seu fracasso.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade não é diagnosticado se os
sintomas são melhor explicados por outro transtorno mental (por ex., Transtorno
do Humor, Transtorno de Ansiedade, Transtorno da Personalidade, Transtorno
Dissociativo, Alteração da Personalidade Devido a uma Condição Médica Geral, ou
um Transtorno Relacionado a Substância). Em todos esses transtornos, os sintomas
de desatenção tipicamente iniciam após os 7 anos de idade, e a história do
ajustamento à escola na infância geralmente não se caracteriza por um
comportamento diruptivo ou queixas de professores envolvendo comportamento
desatento, hiperativo ou impulsivo.
Quando um Transtorno do Humor ou Transtorno de Ansiedade ocorre
concomitantemente com o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, cada um
deles deve ser diagnosticado. O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
não é diagnosticado se os sintomas de desatenção e hiperatividade ocorrem
exclusivamente durante o curso de um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento ou
um Transtorno Psicótico.
Os sintomas de desatenção, hiperatividade ou impulsividade relacionados ao
uso de medicamentos (por ex., broncodilatadores, isoniazida, acatisia por
neurolépticos) em crianças com menos de 7 anos de idade não são diagnosticados
como Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, mas sim como Transtorno
Relacionado a Outras Substâncias, Sem Outra Especificação.
Critérios
Diagnósticos para Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
A. Ou (1)
ou (2)
1) seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram
por pelo menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de
desenvolvimento:
Desatenção:
(a) freqüentemente deixa de prestar atenção a
detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou
outras
(b) com freqüência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas
ou atividades lúdicas
(c) com freqüência parece não escutar quando lhe
dirigem a palavra
(d) com freqüência não segue instruções e não termina seus
deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a
comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções)
(e) com
freqüência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
(f) com
freqüência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam
esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa)
(g) com
freqüência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por ex.,
brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais)
(h) é
facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa
(i) com freqüência
apresenta esquecimento em atividades diárias
(2) seis (ou mais) dos
seguintes sintomas de hiperatividade persistiram por pelo menos 6 meses, em grau
mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
Hiperatividade:
(a) freqüentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe
na cadeira
(b) freqüentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras
situações nas quais se espera que permaneça sentado
(c) freqüentemente corre
ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (em
adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de
inquietação)
(d) com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver
silenciosamente em atividades de lazer
(e) está freqüentemente "a mil" ou
muitas vezes age como se estivesse "a todo vapor"
(f) freqüentemente fala em
demasia
Impulsividade:
(g) freqüentemente dá respostas precipitadas antes
de as perguntas terem sido completadas
(h) com freqüência tem dificuldade
para aguardar sua vez
(i) freqüentemente interrompe ou se mete em assuntos de
outros (por ex., intromete-se em conversas ou brincadeiras)
B. Alguns
sintomas de hiperatividade-impulsividade ou desatenção que causaram prejuízo
estavam presentes antes dos 7 anos de idade.
C. Algum prejuízo causado pelos
sintomas está presente em dois ou mais contextos (por ex., na escola [ou
trabalho] e em casa).
D. Deve haver claras evidências de prejuízo
clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno
Invasivo do Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico e não
são melhor explicados por outro transtorno mental (por ex., Transtorno do Humor,
Transtorno de Ansiedade, Transtorno Dissociativo ou um Transtorno da
Personalidade).
Codificar com base no tipo:
F90.0 - 314.01 Transtorno de
Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo Combinado: se tanto o Critério A1 quanto
o Critério A2 são satisfeitos durante os últimos 6 meses.
F98.8 - 314.00
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo Predominantemente
Desatento: Se o Critério A1 é satisfeito, mas o Critério A2 não é satisfeito
durante os últimos 6 meses.
F90.0 - 314.01 Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade, Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo: Se o
Critério A2 é satisfeito, mas o Critério A1 não é satisfeito durante os últimos
6 meses.
Nota para a codificação: Para indivíduos (em especial adolescentes
e adultos) que atualmente apresentam sintomas que não mais satisfazem todos os
critérios, especificar "Em Remissão Parcial".
F90.9 - 314.9 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade Sem Outra
Especificação
Esta categoria aplica-se a transtornos com sintomas proeminentes de
desatenção ou hiperatividade-impulsividade que não satisfazem os critérios para
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
Esta categoria aplica-se a transtornos com sintomas proeminentes de
desatenção ou hiperatividade-impulsividade que não satisfazem os critérios para
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
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