reabilitação terceira idade

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

ENFARTE PREVENÇÕES PRATIQUE EXERCICIOS FISICOS

Reabilitação Cardíaca após enfarte do miocárdio Imprimire-mail
     18/2/2013  
Artigo

O que é um programa de Reabilitação Cardíaca após enfarte do miocárdio?

Reabilitação Cardíaca (RC) é “o conjunto das intervenções necessárias para fornecer ao doente cardíaco uma condição física, psicológica e social tão elevadas quanto possível, de forma que os doentes com patologia crónica ou pós aguda possam, pelos seus próprios meios, preservar ou retomar o seu lugar na sociedade”.

Os programas RC após enfarte do miocárdio desenrolam-se em 4 fases, com dois componentes fundamentais, o exercício físico e o ensino (dirigido ao conhecimento da doença aterosclerótica e dos seus factores de risco):

Fase
Designação
Inicio
Duração Média (Semanas)
I
Intra - Hospitalar
Dia 1
2 – 4
II
Adaptação/Convalescença
Após Alta
2 – 6
III
Treino
Fim da fase de adaptação
12
IV
Manutenção
Fim da fase de treino
Indeterminado


A quem se DESTINA?
A todos os doentes após enfarte qualquer que seja o tempo decorrido desde o acidente cardíaco, com a excepção dos que têm arritmias graves e dos que sentem angina de peito, cansaço ou falta de ar desencadeados por pequenos esforços. Também está indicado para os doentes coronários que nunca tiveram enfarte, após angioplastia (dilatação) ou cirurgia coronária (vulgo “bypass”).

Antes do início do programa deve obter o consentimento do seu medico assistente.

Quando devo COMEÇAR?

Está sempre a tempo de o fazer, qualquer que seja o intervalo de tempo decorrido desde o enfarte!

O que é que vou APRENDER?

Vai adquirir conhecimentos sucintos que lhe permitam entender os fundamentos dos cuidados médicos de que está a ser alvo, para os quais é indispensável a sua colaboração.

Ficará com noções básicas de Anatomia e Fisiologia do coração, sobre aterosclerose e doença coronária, diferentes formas clínicas da doença coronária (p. ex.: o enfarte do miocárdio), factores de risco, tratamentos disponíveis, dieta, estilo de vida, personalidade do doente coronário, vantagens do relaxamento e do exercício físico regular e a necessidade de adoptar um estilo de vida saudável, conhecendo e respeitando as suas limitações.

É de toda a conveniência que os seus familiares mais próximos também conheçam esta informação de forma a apoiá-lo na sua recuperação.

Onde devo dirigir-me par iniciar um PROGRAMA?


Nas cidades de Lisboa e do Porto já existem alguns centros de RC conhecidos dos cardiologistas e dos médicos de Clínica Geral. Deve ser o seu médico assistente a informá-lo sobre o centro a que deve recorrer. Se tiver uma situação cardíaca isenta de risco e boa tolerância ao esforço poderá ser aconselhado a realizar exercício físico sozinho ou num clube desportivo. Os centros de RC estão particularmente habilitados para orientar os doentes dos primeiros 3 - 6 meses após enfarte, os que têm uma má condição física ou uma situação cardíaca que exige que o exercício seja praticado sob supervisão ou com controlo permanente do electrocardiograma.

Os esquemas que implicam um horário fixo, monitor das sessões, integração num grupo e um pagamento de uma quantia razoável são os que melhor promovem a assiduidade.


Que tipo de EXERCICIO FÍSICO devo realizar?
O tipo de exercício mais adequado para cada caso deve ser seleccionado em função do tempo que passou desde o enfarte do miocárdio, da presença de outras doenças associadas, dos gostos pessoais e das passibilidades de espaço e dos materiais do ginásio ou do local de treino. Nos convalescentes de enfarte do miocárdio, em particular nos doentes com baixa tolerância ao esforço, como nos destreinados, nos do sexo feminino e nos idosos deve-se começar pela marcha por ser baixo impacto e poder ser efectuada a várias intensidades.
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Recomenda-se a marcha, o “jogging”, a corrida, o ciclismo, a natação, o remo e a dança aeróbica, em detrimento de exercícios que exigem esforços curtos e de grande intensidade, como por exemplo, os sprints, o halterofilismo, o ténis (singulares) e o futebol que condicionam uma sobrecarga importante para o aparelho cardiovascular.

QUANTAS VEZES por semana?
Recomenda-se 3 a 5 vezes por semana

Qual o formato correcto para uma SESSÃO DE RC?
As sessões devem ter a duração de 45 - 60 minutos, desenrolando-se em 3 tempos. No primeiro - aquecimento - preparam-se os diferentes grupos musculares e as articulações para o exercício. Dura cerca de 15 minutos e é constituído por alongamentos, exercícios respiratórios e de flexibilidade e coordenação. Permite aumentar a capacidade para os esforços e reduzir a possibilidade de lesões do aparelho locomotor, de arritmias e de crises anginosas.

Em seguida vem o tempo nobre – o exercício já indicado, realizado de forma contínua ou em períodos de 3 - 6 minutos intervalados por um momento de repouso até perfazer 20 a 45 minutos.

Por fim vem o relaxamento para permitir uma recuperação em 5 – 10 minutos do esforço dispendido.


É necessário um ESFORÇO MUITO VIOLENTO?

O esforço deve ser sempre moderado e realizado sem espírito de competição. A intensidade do esforço deve ser de forma a permitir-lhe respirar e falar ao mesmo tempo. Não deverá sentir sofrimento, embora possa suar!

Nos programas de RC supervisionada doseia-se a intensidade pelo valor da pulsação cardíaca a manter durante o exercício, calculado a partir dos parâmetros de uma prova de esforço realizada previamente.

Caso queira seguir este sistema mais rigoroso deve perguntar ao seu médico qual deve ser a sua pulsação no decorrer do treino. De qualquer forma, lembre-se que não deve ter sensação de estar a realizar um esforço de intensidade superior a “um pouco ou moderadamente pesado”.


Quais são os SINAIS de ALARME no decorrer do exercício?
Deve interromper uma sessão de treino se notar angina de peito, fadiga desproporcionada, falta de ar, palpitações, tonturas, sensação de desmaio, enjoo ou vómitos.

Fora das sessões, se sentir falta de forças, sonolência ou insónia deve avisar o seu médico, porque provavelmente vai ser aconselhado a moderar a intensidade do exercício.

Que EQUIPAMENTO devo utilizar?
Nas sessões de exercício utilize menos uma camada de roupa do que está a usar no dia-a-dia. Não se preocupe com os aspectos estéticos do seu equipamento; mas recomendo-lhe que escolha roupas de algodão (fuja das fibras sintéticas) e adquira uns “sapatos de ténis” de boa qualidade para o protegerem de lesões ósteo-musculares.

O EXERCÍCIO FÍSICO não pode fazer mal?
Para reduzir a possibilidade destas complicações deve ter sempre autorização médica prévia para a prática do exercício, baseada pelo menos numa prova de esforço. No decorrer das sessões não se esqueça de efectuar o aquecimento e o relaxamento nem ultrapassar as intensidades de esforço recomendadas. Oriente o seu espírito de competição para a assiduidade e para o aumento do número de sessões por semana e da sua duração, desvalorizando a intensidade do esforço.

Nunca se esqueça de tomar a sua medicação, porque sem a protecção dos medicamentos pode colocar-se numa situação de risco. Não pratique exercício durante uma doença aguda como uma vulgar “gripe” ou uma diarreia sem as ter curado completamente. Lembre-se ainda que deve reduzir a duração e a intensidade do esforço em situações meteorológicas adversas de temperatura (frio ou calor excessivo), vento, chuva ou neve.

Se respeitar estas recomendações pode exercitar-se com confiança uma vez que a probabilidade de lesões ósteo-musculares ou de problemas cardíacos (morte, enfarte do miocárdio, arritmias graves ou agravamento da doença) nos participantes dos Programas de RC, é inferior à dos doentes que não praticam exercício regularmente.


E QUANDO é que eu POSSO…?
Após enfarte não complicado, recomenda-se habitualmente a retoma da vida sexual às 4 – 6 semanas, a condução de automóvel às 6 – 8 e a actividade profissional entre 8 e as 12 semanas.


Mas afinal isto é só EXERCÍCIO?
De forma nenhuma! O controlo dos factores de risco, a redução do stress e a eventual adequação da sua actividade profissional é parte integrante do programa e têm tanto valor como o exercício.
Aconselho-o vivamente a ler os capítulos desta publicação que tratam destes assuntos.

Abandone o tabaco, controle a pressão arterial, esforce-se por ter o seu peso ideal e níveis normais de glucose e lípidos. A pressão sistólica (vulgarmente conhecida como a “máxima”) deve ser entre 150 – 110 mmHg e a diastólica (“ a mínima”) entre 90 e 75. A glucose em jejum, o colesterol total, o LDL e os triglicéridos devem ser, respectivamente, inferiores a 110, 200, 130 e 200 mg/dl.

Certamente já ouviu falar do “colesterol bom”. O HDL – que deverá ser superior a 39 mg/dl e a 25 % do colesterol total.

A dieta é sempre o primeiro passo para controlar estes parâmetros, mas é frequente ser necessário recorrer a medicamentos para obter aqueles objectivos.

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Para que vou ter este TRABALHO todo?
Temos boas razoes para lhe recomendar um Programa de RC:

1 Aumento da sua capacidade de esforço, com melhor conhecimento dos seus limites.
2 Redução do impacto psicológico do enfarte do miocárdio em si e nos seus familiares.
3 Reintegração total e precoce na vida familiar e sócio-profissional.
4 Atraso das recaídas e aumento da esperança de vida.

 

 

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