reabilitação terceira idade

sábado, 2 de março de 2013

OBSESSIVO

Transtorno obsessivo

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INTRODUÇÃO
Todos nós temos certas singularidades, certos gestos e posturas corporais que repetimos em determinadas situações e que denunciam, muitas vezes, o que estamos sentindo. Quem nos conhece bem sabe que, quando esfregamos os dedos na testa, cerramos o cenho ou arqueamos as sobrancelhas, é sinal de que estamos muito preocupados, ansiosos ou descontentes. Há pessoas, porém, que perdem o controle sobre alguns movimentos e passam a repeti-los involuntária e automaticamente. Piscam os olhos, têm espasmos nos ombros ou no pescoço e contrações abruptas nos músculos da face. Esses tiques chamam a atenção de quem está por perto e não raro são motivos de pirraça e imitação.
Tiques podem estar ligados a um tipo de distúrbio conhecido por transtorno obsessivo-compulsivo. Felizmente, casos como esse têm tratamento e a qualidade de vida dos pacientes melhora muito.
DEFINIÇÃO
É uma doença em que o indivíduo apresenta obsessões e compulsões, ou seja, sofre de idéias e/ou comportamentos que podem parecer absurdos ou ridículos para a própria pessoa e para os outros e mesmo assim são incontroláveis, repetitivas e persistentes. A pessoa é dominada por pensamentos desagradáveis de natureza sexual, religiosa, agressiva entre outros, que são difíceis de afastar de sua mente, parecem sem sentido e são aliviados temporariamente por determinados comportamentos.
As obsessões são pensamentos recorrentes caracterizados por serem desagradáveis, repulsivos e contrários à índole do paciente. Tais pensamentos não são controláveis pelos próprios pacientes e causam significativa perda de tempo, sofrimento pessoal e queda no rendimento em atividades. Há perda do controle sobre os pensamentos, e às vezes ocorrem atitudes ou comportamentos que visam neutralizar a ansiedade causada por tais pensamentos. Assim, compulsões podem ocorrer secundariamente às obsessões.
As compulsões são comportamentos, gestos, rituais ou atitudes muitas vezes iguais e repetitivas, conscientes e quase sempre incontroláveis. Os pacientes mantêm a crítica sobre suas atitudes, percebem o fato como absurdo e não sabem ou não entendem o que está acontecendo. Têm medo de ficar loucos e sentem vergonha de contar a outras pessoas, ou até mesmo a um médico o que está acontecendo.
Acomete 2 a 3% da população geral. A idade média de início costuma ser por volta dos 20 anos, porém pode ter início ainda na infância, e acomete tanto homens como mulheres. Depressão Maior e Fobia Social são doenças que podem acometer os pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo ao longo da vida.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado nos sintomas do paciente. Nenhum exame laboratorial ou de imagem é utilizado para o diagnóstico. Os sintomas obsessivos e compulsivos são exclusivos do transtorno obsessivo-compulsivo, para fazer o diagnóstico. Contudo além dos sintomas são necessários outros critérios. O tempo gasto com os sintomas deve ser de no mínimo uma hora por dia ou quando o tempo for inferior a isso é necessária a existência de marcante aborrecimento ou algum prejuízo pessoal. É preciso que em algum momento o paciente reconheça que o que está acontecendo seja excessivo, exagerado, injustificável ou anormal. Isso faz com que o paciente ache que está enlouquecendo e tente esconder o que se passa, fica assustado e quando chega ao médico apresenta essa preocupação. Ao contrário do que se pode pensar a impressão que o paciente tem a respeito de si mesmo é um sinal de bom funcionamento mental, pois o paciente consegue reconhecer algo de errado em si mesmo. Os sintomas não podem ser dependentes de outro transtorno, por exemplo se a preocupação tem como foco a possibilidade de ter novos ataques de pânico não se pode fazer o diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo.
SINTOMAS
O transtorno obsessivo-compulsivo é classificado como um transtorno de ansiedade por causa da forte tensão que sempre surge quando o paciente é impedido de realizar seus rituais. Mas a ansiedade não é o ponto de partida desse transtorno como nos demais transtornos dessa classe: o ponto de partida são os pensamentos obsessivos ou os rituais repetitivos.Há formas mais brandas desse distúrbio nas quais o paciente tem apenas obsessões ou as compulsões são discretas, sendo as obsessões pouco significativas. Os sintomas obsessivos mais comuns são:
  • Medo de contaminar-se por germes, sujeiras etc.
  • Imaginar que tenha ferido ou ofendido outras pessoas
  • Imaginar-se perdendo o controle, realizando violentas agressões ou até assassinatos.
  • Pensamentos sexuais urgentes e intrusivos
  • Dúvidas morais e religiosas
  • Pensamentos proibidos
Os sintomas compulsivos mais comuns são:
  • Lavar-se para se descontaminar
  • Repetir determinados gestos
  • Verificar se as coisas estão como deveriam, porta trancada, gás desligado, etc.
  • Tocar objetos
  • Contar objetos
  • Ordenar ou arrumar os objetos de uma determinada maneira
  • Rezar

ETIOLOGIA

A etiologia (causas) do TOC ainda é desconhecida. O TOC é provavelmente resultante de fatores causais diferentes. Algumas formas de TOC são familiares e podem estar associadas a uma predisposição genética. Outras apresentam-se como casos esporádicos. Entre os casos familiares, parte parece estar relacionada aos transtornos de tiques, como por exemplo a Síndrome de Tourette (ST). O TOC de início precoce está associado com uma preponderância masculina e um risco aumentado de transtornos de tiques.
Estudos neuroquímicos (com mensageiros químicos que transmitem os impulsos nervosos) têm implicado neurotransmissores conhecidos como monoaminas e neuropeptídeos na fisiopatologia (mecanismo que estabelece a doença) do TOC, ST, e doenças relacionadas. A principal evidência disponível relaciona-se com a eficácia bem estabelecida dos Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina (ISRS) no tratamento do TOC. A dopamina (outro neurotransmissor) e substâncias conhecidas como opióides também têm sido implicados. Recentemente, surgiu a hipótese do excesso de atividade de um sistema cerebral envolvendo o hormônio ocitocina (OT) em pacientes com TOC sem tiques. Especula-se que pacientes com TOC associado à OT podem ser mais responsivos aos ISRS do que os pacientes com TOC associado a tiques. Levando-se em conta os diversos estudos de neuroimagem (tomografia e ressonância magnética), observa-se um padrão de ativação cerebral no TOC que sugere disfunção de um circuito neural que inclui as seguintes estruturas cerebrais: cortex orbitofrontal, núcleo estriado, cortex anterior do cíngulo e tálamo. Assim, o funcionamento anômalo de um circuito que envolve os gânglios da base (caudado), o tálamo e o cortex frontal (região orbito-frontal), tem sido sugerido como importante na fisipatologia do TOC. Existem diversas teorias para explicar o envolvimento desse circuito. Interessantemente, um grupo da Califórnia liderado por Lewis Baxter, acreditam que os circuitos cortico-estriato-tálamo-corticais evoluiram nas diversas espécies animais, no sentido de direcionar a atenção para as ações necessárias (por exemplo, diante de ameaças), e depois desencader atitudes para a sua preservação até o perigo ser considerado como passado. Nesse sentido, sugerem que um déficit no funcionamento do núcleo caudado levaria a uma filtragem (repressão) inadequada de preocupações (pensamentos violentos ou medos de contaminação) originadas no cortex órbitofrontal. A ausência de inibição desses pensamentos pelo caudado teria um papel de reforçar a importância daquela preocupação indevida, provocando então a necessidade do cortex orbitofrontal desencadear uma ação adaptativa: as compulsões.
EPIDEMIOLOGIA
Esse transtorno apresenta dois picos de incidência. O primeiro na infância e o segundo em torno dos trinta anos de idade. Muitas crianças apresentam esse problema nessa fase e depois nunca mais têm nada. Outras continuam tendo durante a vida adulta. Os adultos também apresentam oscilações do problema; podem ficar livres dos sintomas e dos remédios, mas também podem precisar de uso contínuo. Esse transtorno incide aproximadamente com a mesma freqüência em homens e mulheres, com pequenas diferenças de um estudo para outro. Nas crianças observa-se um aparecimento um pouco mais comum nos meninos.

ABORDAGEM DIMENSIONAL

Abordagens dimensionais têm sido utilizadas para caracterizar com mais precisão as diferenças clínicas encontradas entre os pacientes. O objetivo desta abordagem é a identificação de dimensões de sintomas obsessivo-compulsivos. A consistência destas dimensões é considerável, mesmo que os instrumentos utilizados para avaliar os sintomas tenham sido diferentes. Além disso, as dimensões de fatores encontrados são semelhantes em adultos e crianças. A abordagem dimensional ganhou amplo espaço na literatura para avançar no conhecimento que a abordagem categorial tem trazido. De todos os estudos, os fatores já bem replicados são: contaminação/lavagem; ordem/simetria e colecionismo.

ABORDAGEM CATEGORIAL

Apesar de a abordagem dimensional ser bastante promissora, os estudos com esta abordagem ainda não têm o embasamento científico das abordagens categoriais tentando subdividir pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo de acordo com a idade de início dos sintomas e a presença de tiques. A abordagem categorial propõe a identificação de subgrupos específicos de pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo, mutuamente excludentes. A partir da abordagem categorial, alguns subgrupos de pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo têm apresentado resultados relativamente consistentes nos estudos, com características clínicas e fenomenológicas apresentando associação com maior risco familiar. Dentre estas, pode-se citar o subgrupo de início precoce de sintomas e o subgrupo de transtorno obsessivo-compulsivo associado a transtornos de tiques.
TRATAMENTO
O tratamento deve ser individualizado, dependendo das características e da gravidade dos sintomas que o paciente apresenta. Em linhas gerais, contudo, utiliza-se a psicoterapia de orientação dinâmica ou cognitivo-comportamental associada com tratamento farmacológico (antidepressivos) em doses bem elevadas. Em casos resistentes às terapias convencionais e naqueles em que há a concomitância com sintomas delirantes, a associação com medicações antipsicóticas pode ser feita com melhor resposta.

TOC ASSOCIADO A TIQUES

Estudos familiares, estudos com gêmeos e estudos moleculares apontam para a importância dos fatores genéticos na etiologia do Transtorno obsessivo-compulsivo e síndrome Tourette (Mercadante e cols., 2004). Um possível subgrupo de Transtorno obsessivo-compulsivo baseia-se em evidências de que algumas formas do transtorno são associadas aos tiques ou síndrome Tourette. Este subgrupo é bastante estudado atualmente e diferentes estudos demonstram que este subgrupo exibe características clínicas específicas quando comparado a pacientes com Transtorno obsessivo-compulsivo sem tiques.
A seguir, uma breve descrição sobre transtornos de tiques:
De acordo com o DSM-IV, os transtornos de tiques compreendem o transtorno de tiques transitórios; o transtorno de tiques motores ou vocais crônicos; e o transtorno de tiques motores e vocais crônicos, conhecido como síndrome de Gilles de la Tourette (síndrome Tourette).
Os tiques são movimentos, sons ou vocalizações repetitivos, abruptos e estereotipados que envolvem grupos musculares distintos. São caracterizados pelos clínicos pela sua localização anatômica, número, freqüência, intensidade e complexidade. A intensidade de um tique pode ser expressa pela força com que é realizado e assim chamar mais ou menos atenção. Já a complexidade refere-se a quão simples o movimento ou som é feito, variando de breve, sem significado, fragmento abrupto (tique simples), até movimento ou vocalização maior e aparentemente com um maior significado (tique complexo). Estes elementos foram incorporados em escalas de avaliações clínicas as quais mostram proficuidade no monitoramento da gravidade dos tiques.
A síndrome de Tourette é caracterizada pela presença de múltiplos tiques motores e no mínimo um tique vocal, com início antes dos 18 anos e duração mínima de um ano. Os tiques não podem estar ausentes por mais de três meses consecutivos. Alguns exemplos de tiques motores são: piscar os olhos, chacoalhar os ombros e balançar a cabeça (tiques simples); expressões faciais envolvendo mais de um grupo muscular, movimentos com o tronco ou região do quadril parecendo ter um propósito (tiques complexos). Os tiques complexos podem ser intencionais, como, por exemplo, tocar em um objeto, ou não intencionais, como chutar com as pernas de forma repetitiva (The Tourette Syndrome Classification Study Group, 1993). Exemplos de tiques vocais são: tossir, pigarrear, fungar, assobiar (tiques simples); repetir sílabas, falar palavras obscenas, ecolalia, palilalia (tiques complexos).
Tiques motores têm início usualmente entre as idades de três a oito anos com períodos transitórios de piscar de olhos intenso e alguns outros tiques faciais. Já os tiques vocais podem aparecer com três anos de idade, mas tipicamente começam após o início dos tiques motores (Leckman e cols., 1998). Em muitos casos, a gravidade dos tiques atinge um pico na segunda década de vida e apresenta uma marcada redução por volta dos 19 ou 20 anos. Entretanto, nos casos mais graves de síndrome Tourette, os sintomas permanecem até a idade adulta. Em casos extremos da doença os tiques envolvem movimentos de automutilação, gritos, gestos e falas obscenas que acabam por trazer uma interferência muito grande para o indivíduo nas suas relações sociais. Os tiques podem ser realizados sem que a pessoa os perceba, ou podem ser realizados no intuito de aliviar sensações físicas ou mentais desagradáveis, conhecidas como fenômenos sensoriais. De 50 a 90% dos indivíduos com tiques ou síndrome Tourette apresentam sintomas de transtorno de hiperatividade com déficit de atenção, transtorno de oposição desafiante e transtorno de conduta A associação com o Transtorno obsessivo-compulsivo também é bastante freqüente, conforme descrito na abaixo.

TOC PODE SER GENÉTICO

Estudos realizados por pesquisadores de diferentes países mostram que mutações genéticas desempenham um papel importante no desenvolvimento do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). "Não temos dúvidas de que a doença tenha origem genética. Inicialmente os especialistas acreditavam que o distúrbio possuía origem psicológica. Mas, atualmente, cresceu bastante o número de evidências que mostram uma pré-disposição genética para o TOC. Isso nos ajuda a compreender melhor a doença, e, consequentemente, tratá-la do modo adequado", analisa Humberto Correa, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
A equipe de enfermagem que irá prestar assistência a esses pacientes deve:
  • Planejar junto com o paciente as atividades do dia, incluindo tempo e horário;
  • Estimular e manter o paciente ocupado com atividades que lhe dê prazer;
  • Permanecer junto a ele quando apresentar o ritual, não impedindo ou apressando a realização do ato, nesse momento, suregir que ele analise com calma a situação, evitando ansiedade;
  • Aplicar técnicas de terapia cognitiva comportamental (exposição e dessensibilização);
  • Dar apoio em momentos críticos, permanecer junto ao paciente quando necessário;
  • Promover orientação aos familiares propondo estratégias conjuntas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste estudo considerando a importancia de um bom tratamento a pacientes com transtornos obsessivos compulsivo e considerando a importancia desse trabalho onde podemos reconhecer as reais necessidades desses pacientes e a melhor forma de prestar assistencia de forma eficaz possibilitou ampliar a visão em relação aos múltiplos fatores que podem influenciar as ações de Enfermagem, permitiu maior aproximação com o conteúdo abordado, e a compreensão da melhor maneira a se portar diante de um paciente com TOC.
Podemos assim perceber as reais necessidades do tratamento, buscando assim melhoria de vida, com o intuito de evidenciar a importância dos profissionais de enfermagem no cuidado desses pacientes e a utilização de sua prática profissional.
 
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